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Duzentos anos após o grito de Dom Pedro às margens plácidas do Ipiranga, teremos “Independência ou Morte” neste 7 de Setembro?

Se depender de Jair Messias Bolsonaro, a comemoração do bicentenário vai se transformar num cenário de guerra, unindo seus apoiadores ao desfile militar, a três semanas das eleições presidenciais, que se tornou uma questão de vida ou morte para o capitão.

Domingo passado, durante a convenção que lançou sua candidatura à reeleição, o capitão convocou seus devotos para botar fogo no país:

“Convoco todos vocês agora, para que todo mundo, no 7 de Setembro, vá às ruas pela última vez. Esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo”.

A voz do povo é a voz dele, de BolsoNero 1º e único, e os surdos de capa preta são os ministros dos tribunais superiores, o último anteparo para a escalada golpista. Só não entendi uma coisa: por que “pela última vez”? Seria o último aviso antes de fuzilar as urnas eletrônicas e a democracia que ameaçam tirá-lo do poder pelo voto?

“Pela primeira vez, as nossas Forças Armadas e as forças auxiliares estarão desfilando na praia de Copacabana”, proclamou no sábado, durante outra convenção partidária em São Paulo, ao lado dos parlamentares condenados Eduardo Cunha e Daniel Silveira, símbolos da “nova política”.

Juntar no mesmo cenário seus eleitores fiéis, cada vez mais armados e fanáticos, aos militares e seus canhões: este é o sonho dourado do presidente, que nunca se conformou com as limitações impostas pela Constituição aos seus anseios de poder absoluto.

Dá para imaginar as tropas desfilando pela avenida Atlântica em meio a um comício de campanha eleitoral com turistas na praia e caravanas de seguidores da seita vindas de todo o país, para proclamar no grito a vitória de BolsoNero? E se os cavalos desembestarem em meio à multidão ou pipocar uma bala perdida? Os soldados irão de bermudas e os generais levarão guarda-sóis?

Nem em seus contos mais delirantes, Gabriel Garcia Marques conseguiria criar algo mais parecido com uma republiqueta de bananas, conquistada pelo exército de ocupação formado por nativos.

Nas milícias digitais comandadas pelo príncipe Carluxo, que estão cada vez mais assanhadas, já se comemora a desmoralização das pesquisas eleitorais, com a régua do chamado “Datapovo”, que vai medir em Copacabana a força do bolsonarismo em marcha.

Para quê eleição?

Entre as “forças auxiliares” citadas pelo presidente, ainda não se sabe que papel terão as milícias reais, que já ocupam boa parte do território carioca, neste quadro de completa anomia social alastrado pelo país até os confins da Amazônia.

Nas últimas semanas, Jair Bolsonaro foi tão longe em seus planos beligerantes e humilhações ao Brasil democrático, que acabou despertando forte reação da sociedade civil, novamente mobilizada em defesa da democracia e do Estado de Direito, disposta a dar um basta ao celerado capitão.

Desta vez, até banqueiros e grandes empresários, os mesmos que o apoiaram em 2018, uniram-se a centrais sindicais, juristas, artistas e movimentos populares contra a ofensiva golpista do capitão reformado e seus generais de pijama, que vão ficando isolados na trincheira do Palácio do Planalto.

Novos dados da pesquisa Datafolha divulgados hoje mostram que 56% dos eleitores consideram graves as ameaças de Bolsonaro às instituições democráticas, mas não acreditam que ele consiga êxito em suas investidas golpistas.

No mesmo levantamento, aumenta a confiança nas urnas eletrônicas, tão atacadas pelo presidente, mas que são aprovadas por 79% da população.

Bolsonaro se prepara para uma guerra, não para disputar uma eleição. “O outro lado quer destruir a família brasileira, quer legalizar as drogas, quer legalizar o aborto, quer desarmar a população”, alertou no discurso de sábado. “Uma arma de fogo, mais do que a defesa da sua família, é a defesa da nossa nação”.

Preparem-se para um bangue-bangue caboclo.

Vida que segue.



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